terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O PRESENTE



" A mente sempre está no passado ou no futuro. Não pode estar no presente, é absolutamente impossível para a mente estar o presente. Quando está no presente, a mente já não está aí, porque mente equivale a pensar.

Como pode pensar no presente?

Pode pensar no passado; já se converteu em parte da memória e a mente pode trabalhar com isso.


Pode pensar no futuro; ainda não está aqui e a mente pode sonhar com isso.

A mente pode fazer duas coisas: pode mover-se para o passado, onde há espaço de sobra para mover-se, o vasto espaço do passado, no que pode seguir e seguir penetrando; ou pode mover-se para o futuro, onde também há um espaço infinito, no que pode imaginar e sonhar sem limites. Mas como vai funcionar a mente no presente?

No presente não há espaço para que a mente faça nenhum movimento.
O presente é sozinho uma linha divisória, nada mais.

Separa o passado do futuro, não é mais que uma linha divisória.

Pode estar no presente, mas não pode pensar nele; para pensar se necessita espaço. Os pensamentos necessitam espaço, são como os objetos. Recorda-o: os pensamentos são coisas materiais, muito sutis, mas são materiais.

Não pode pensar no presente. No instante em que começa a pensar, já é passado. 

Vê sair o sol e diz: «Que belo amanhecer.» Quando o diz já é o passado.

Quando o sol está saindo não há espaço suficiente nem sequer, para dizer «Que bonito», porque quando pronuncia essas duas palavras, «que bonito», a experiência já se converteu em passado.

A mente já o arquivou na memória; Mas no momento exato em que sai o sol, o momento exato em que o sol aparece sobre a linha, como pode pensar? O que pode pensar?

Pode estar com o sol que sai, mas não pode pensar. Há espaço suficiente para ti, mas não para os pensamentos.

Vê uma formosa flor no jardim e diz: «Que bonita rosa.» Nesse momento já não está com a rosa; é já uma lembrança.

Quando a flor está aí e você está aí, os dois pressente ante o outro, como poderia pensar? O que poderia pensar?

Como vai ser possível o pensamento?

Não há espaço para ele. O espaço é tão estreito - de fato, não há nada de espaço- que você e a flor não podem nem sequer existir como dois seres, porque não há espaço suficiente para dois; só pode existir um.

Por isso, em uma presença profunda, você é a flor e a flor se converte em ti.

Quando não há pensamento, quem é a flor e quem é o observador? O observador se converte em observado. de repente, desaparecem as fronteiras. de repente, encontra-te com que penetraste na flor e a flor penetrou em ti. de repente: já não são dois; só existe um.

Se começar a pensar, convertem-lhes de novo em dois. Se não pensar, onde está a dualidade? 

Quando existe com a flor, sem pensar, é um diálogo.

E a porta é estreita. A porta do presente é estreita. Por ela não podem entrar dois juntos, só um.

No presente não é possível pensar, não é possível sonhar, porque sonhar - não é mais que pensar com imagens. 

As duas coisas são materiais.

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